sábado, 13 de junho de 2009

minha casa

que eu viva,
e crie...
e me torne independente.
dependente apenas de meu corpo,
que me levará a lugares aonde nunca fui.
aonde fui e voltei.
aonde quero chegar.
minha casa sou eu,
e meus pés que nunca me abandonam,
não importa a distância...
vou plantar flores em meu jardim
e me cultivar.
vou crescer e chover em mim,
quando precisar chorar.
recomeçar tudo outra vez.
nunca estou sozinha,
minha casa é do meu tamanho.
eu vou sempre me ocupando,
me cuidando,
me embalando pra dormir.
e quando o mundo não é claro,
eu sento na porta,
da minha casa,
e espero o mundo voltar.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

se

não tenho canto,
por isso quando canto,
é pra todo mundo.
num segundo,
sinto tudo,
e não entendo,
e fico mudo.
queria poder ouvir o pensamento.
minto,
queria ouvir o seu.
já sei que não sou sua,
nem que você é mais meu...

mas fico sem graça,
quando cala,
e sou só eu.
queria que você berrasse,
e de qualquer lugar eu escutasse,
que seu pensamento é o mesmo que o meu.
queria que você quisesse,
que você voltasse,
que cantasse para o mundo como eu.
prefiro ficar sozinha,
mentindo pra mim mesma,
do que ter que reconhecer
este lugar que não parou no tempo,
este lugar que não é meu.
não posso simplesmente passar acetona
nas paredes pra que voltem a ter a minha cor,
ocupar o meu espaço.
já cobriram as paredes com tinta creme,
difícil de retirar.
estou me acomodando sozinha,
a um lugar que desocuparam e me deram,
sem me perguntarem como eu queria.
esperam de mim,compreensão
e eu espero cuidado...
mas na minha idade já aprendi a levantar
sem mãos.
acho que por isso não me estendem mais,
acho que não me entendem mais,
agora que prefiro calar à falar.
agora que fico sozinha.