segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os outros

Os outros são maravilhosos. Atualmente são até muito melhores que você. Os outros tem até me surpreendido, coisa que você não faz, já que até seu silêncio eu já prevejo, até sua indiferença se tornou rotineira.
Você se tornou muito previsível na sua ausência e os outros me levam pra dançar, me enchem os olhos de brilho quando me fazem sorrir e até de raiva quando não aparecem.
Como eu queria que me bastassem essas surpresas, esses risos, esses outros... Como eu queria que fossem grandes o suficiente para me levarem daqui, sem tempo pra que eu inventasse qualquer desculpa pra não ir. Não que eu estivesse fazendo alguma coisa, mas só por me ocupar tempo demais esperar por você.
Queria ao menos que os beijos não soassem como traição, fossem pelo menos como meus beijos do passado, beijos cheios de mim, ainda que muitas vezes vazios. Agora só tenho beijos cheios de nós, vazios de mim. Pois quem eu sou, agora que não mais nós? Que fio você cortou que me deixou assim, tão sua, tão pouco minha?
Eu amo os outros, porque são simples, porque com eles não há frio. Não há frio, calor, nem nada. Mas se for assim, seguindo a lógica, te odeio. Nunca achei que falaria isso, mas se seguir a lógica, te odeio. Odeio você ser quente, frio, primavera, outono, odeio que seja tudo isso pra mim, a ponto de ocupar meu ano. Se ao menos por um dia você não fosse nada, quem sabe os outros poderiam ser alguma coisa?
As noites passam, os dias correm, e os outros nunca deixam de vir, de todos os lados. Só não vejo mais você... Me pergunto se enlouqueci e você não virou outro, e eu não percebi, tão perdida nas lembranças de nós. Vagando nas memórias do que fomos, como um fantasma que vaga numa grande cidade vazia.




quarta-feira, 16 de maio de 2012

Você com medo de não se entregar, e eu com medo de você ir embora.
Eu com medo do tempo passar e a gente ficar pequeno demais perto dele.

E se,,,

E se dessa vez fosse só simples?
Fôssemos estranhos outra vez e no meio do mundo nos encontrássemos, sem avisos, sem vozes...
Eu passaria a noite com você, sem despertadores, ou dores, ou horas.
Se dessa vez, ou se só hoje mesmo, eu te chamasse pra entrar e você entrasse, sem medo?

O medo só vem do que a gente conhece, mas dessa vez não te falaria nem meu nome.
Te convidaria pra entrar só por ter te visto... Assim, de repente, deslizando entre as ruas.

E o que a gente não disse, onde ficou?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Bom dia



Acordei. Acordei!
Foi bom dormir por um tempo. Aliás, foi essencial dormir por um tempo. Sonhei, chorei, voltei a dormir encolhidinha me abraçando, dentro e fora.
Reaprendi a me abraçar na hora de dormir, a rezar pros sonhos virem bons, reaprendi a acalmar meu coração quando ele estava agitado demais e querendo sair pela boca.
Pronto.

Que agora que acordei só penso em ir. E acordei com um café delicioso, concentrado e cheio de energia. Redescobri os encantos do café, e do dia... E de andar por aí.
Acordei... E essa manhã em particular está tão viva, ainda que eu tenha perdido o horário de caminhar na praia, que só queria largar todas as obrigações do dia pra ficar acordada por aí, ou bem aí. Aí. Não sei bem se você quer que eu fique aí, mas acabei de acordar, então acho que ainda posso pegar um pouco dos meus sonhos da noite e misturá-los ao café... Pro dia ser mais gostoso... Pra trocar a preguiça do acordar com o entusiasmo das surpresas que vem quando a gente acorda.

Bom dia!

sábado, 5 de maio de 2012

Untitled



Me parece que somos todos caminhos, uma mistura de avenidas, mãos... Todas interligadas e fazendo parte da mesma coisa. Somos todos uma coisa só, mas totalmente distintos, completamente cruzados.
De uma irracionalidade enorme, que ao mesmo tempo que se isola, quer se prender, fazer parte do conjunto. Quer se encaixar, ainda que procure não se perder, não se tocar.
Não vejo perdas, só caminhos... Ruas que cruzam e depois se bifurcam. Pessoas fugidas que se enforcam.