quinta-feira, 22 de maio de 2008

para vida...

vida,hoje é dia de viver!
eu sei que anda difícil de sair da cama
nesses últimos tempos
eu entendo tudo.
entendo toda essa falta de vontade de acordar
e de ver o sol.
é complicado ver o sol às vezes...
ele deixa tudo tão claro!
e tem horas que a gente quer ficar naquele escurinho
e se dedica tanto ao escurinho,
que ele toma conta de todo o dia.
mas sabe,minha querida vida,
um dia a gente tem que conseguir abrir a janela,
encarar o sol.
deixar esse escurinho ir embora
e olhar além.
e você vida,é tão maravilhosa,
tão especial,tão única,
que só merece...viver!
viver,e gozar da vida
e por mais que você não acredite,
uma vez no sol,você verá realmente,
o quanto ele faz bem.
você é ótima pra se adaptar a tudo,
vire amiga,confidente do sol,
de cara limpa,alma lavada...
nele você encontrará um espelho
e verá que o sol está em você.

eu já vi isso,mas você deve me achar meio suspeita pra falar...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

para vó

Olhar doce como seus brigadeiros
Você me apaixonou
Com suas canções de ninar
Sua mania de agradar
Chego de surpresa
Pedindo um abraço e um colo pra chorar
Bagunçando a casa, inventando programa, fazendo pirraça.
Só pra você me notar
E a noite te ligo, dengosa e com medo.
Quando desligo me acalmo
E durmo.

(velha)

ligações

É tão rápida.Uma ligação.Cada vez são menos minutos de nossas vidas, e cada vez esses minutos são mais caros em um telefonema.Cada vez mais distantes esses telefonemas, ou minutos são.Você me liga pra que a gente finja juntas que estamos perto, já que a saudade é grande.O amor ta sempre perto, mais as contas telefônicas, os telefonemas, á, estes sempre mostram o quanto estamos longe e que está cada vez mais caro fingir.
A gente ta longe, as contas vem caras, mas é bom ouvir sua voz e lembrar as vezes que a ligação traz um pouquinho de você pra mim, nem acho a voz tão importante, mas ela reconforta por dentro, e como reconforta.
A ligação é a melhor forma de perder dinheiro e um pouco de saudade.

(velho)

se estas paredes falassem

Se estas paredes dessa casa antiga,
Se estas paredes falassem...
Eu não dormiria com os cochichos
Quando chegasse visita eu trancaria meu quarto pra ninguém entrar
Elas gritariam sempre e,
Eu mediria cada palavra.
Nas noites mais frias,
Nos dias mais quentes
Eu sentaria no chão pra conversar com elas.
Eu rabiscaria-as menos
Já que já teriam todas minhas frases prediletas na memória
Minhas melhores psicólogas
Com almas alheias
Seus espíritos seriam pintados pelas experiências de todos que passassem por elas
Camadas e mais camadas de opiniões,
de medos,de desejos,de estórias,
de tinta branca.
Branca pra que absorvesse tudo.
Chegariam a produzir um livro,
Da vida...
Que elas ouviam,mas que nem podiam fazer nada
Paradas,imóveis,paredes...
Ainda se tivessem braços pra se mover!
Mas calma,ainda só estamos pensando...
Se estas paredes falassem

(velha)

queima

Apaga os meus cabelos.
Cada fio de esperança...
Apaga o batom,
Do beijo naquela camisa branca.
Arranha o disco,
Que toca a música.
Roda e me limpa,
Com um jato único de água.
Aliás, água não.
Álcool,porque limpa tudo,
E se não limpa pelo menos queima.
Quero mais uma vez algo quente por dentro.
Já que você já virou chuva,
E agora só passa.
Cai pelo asfalto e limpa meu chão.

(velha)

olhos de tempo

Olhos de tempo
De um tempo que nem existiam meus olhos
Olhos de segunda-feira,bem de manhãzinha
Histórias vistas e histórias vividas
E vida guardada no olho
Janela quebrada da alma
Cheia das coisas em casa
Na cama vendo telenovela em noite de sexta-feira
Vigia criança,banha o cachorro
Rugas,ruas,linhas apagadas
Guardadas dentro de casa
A casa que acolhe,a casa que lava
Passa lápis em contorno dos olhos e marca o olhar
E pisca o dia inteiro pro lápis esfumaçar
Percebe,e sente o cheiro e brilha
Que por trás das lentes que a cobrem
Você vê nitidamente que ela é sempre assim,
De dentro pra fora,
Do final pro meio
Sempre é o mesmo pontinho com coordenada marcada
E já tanta coisa se ocorreu
E de tamanduá bandeira já correu
Que podem dizer os verdes olhos cansados
Essa viveu,ralou o joelho,ama e é aprendiz
Diz todo dia:”nessa quinta eu opero os olhos”.

(velha)

o amor

Minhas lágrimas escorriam como a chuva
E meu coração mais uma vez encontrava-se encharcado,afogado de amor
Distante como um rio que divide duas grandes cidades
Muros construídos ao redor de mim e de você
Que nos afastavam,e nos faziam distantes como olhares
E vagos olhares de pedra
Rígidos,como quem quisesse provar pra um mundo
Que ali,nunca houvera sentimento algum
Que mesmo que houvesse,este agora encontrava-se esquecido
Esquecido como qualquer brinquedo depois de uma brincadeira de criança
O amor transformado em objeto
Que depois de ter sido usufruído pela criança
Fora deixado pra trás
Que bom que mostramos só o que queremos para o mundo
E que este,nem se importa mais com nossa história
Agora,construímos o que queremos
Do puro,fez-se pedra
Da construção,fez-se esquecida
Do amor,fez-se saudade
Da lagrima,fez-se retrato
De você,fez-se pássaro
De mim,fez-se,faz-se,foi-se,
O amor.

(velha)

nua e crua

Paisagem minha,
Nua
Diante do espelho.
Foco meu olhar seguro,
Cru.
Penetrando-me
Alma adentro.
Embelezando-me
Inteira de paz.
Passo os dedos no cabelo
E sinto-os limpos,frágeis
Quedas,
Hora de recomeçar;
Embebedo-me
De meu passado.
Choro os olhos,
Lavo a cara,
Lavo o corpo,
Lavo a alma
Pra continuar
E descubro,
Isso,logo depois de descobrir os olhos
Que volto a encarar-me
Que não por ser imagem certa à frente do espelho,
Volto em mim.
Personagem
Encenando-me,
Nua e crua.

noites boêmias

Noites boêmias
Caçando pinga barata em bar
Batom vermelho vivo
Sobe mais um andar
Caminhando devagar até a lua
Teme não encontra-la
Joga cerveja no nascer do sol
Pra tentar apaga-lo
Não encontra a lua
Muito menos apaga o sol
Vermelho nem vivo mais é
O bar começa a se fechar
O asfalto vira sua cama e cobertor
A água que cai sobre ela no outro dia,
Seu despertador.


Hoje eu vi um anjo
Pousado na arvore que tem em frente a minha janela.
Ele nem chegou a entrar em meu quarto.
Acho que era pra não me assustar.


Ele tinha umas asas grandes.
Não só maiores que a árvore.
Todo dia eu me dou uma explicação nova
Pra dizer que tenho alguma estrutura


Ele parecia não precisar de estruturas
Tampouco devia ter medo de algo
Qualquer coisa era só voar


Era lindo ve-lo
Mas eu tinha medo
Medo de encará-lo
Porque ele parecia me ver através da janela e do corpo


Então quis assustá-lo gritando alto
Mas ele parecia que já estava acostumado a tais berros
Não sorria
Não reprimia
Não voou


Só continuava ali
E eu começava a me acostumar
E encarei-o com firmeza
Nessa hora ele voou


Uma paz me encheu por inteiro
E eu sabia que era porque ele estivera me cuidando
Não sabia o motivo de tal zelo comigo
Então inventei uma historia
Pra explicar.

(velha)

camisetão

Eu acordando com aquele seu camisetão
Num colchão velho de solteiro
Que me fazia ficar tão coladinha a você
A noite toda
E me fazia acordar já caindo do colchão
Com você todo esparramado
O travesseiro já no chão
E você acorda
E me dá um beijo,daqueles de começo de manha
Mais tarde a gente esquenta uma pizza
De duas noites atrás
E toma o final,daquela coca sem gás
E pega um ônibus pra ir ao cinema mais barato
Esperar na maior fila
Ah,mas vale a pena,com namorado...
Ai a gente come um cachorro quente
Com umas moedas que sobraram
A gente vai pra minha casa
E agradece porque meus pais ainda não chegaram
E namora mais um pouquinho
Aproveita e vê mais um filminho
Tudo bem agarradinho
Até que você tem que ir
E eu fico de te telefonar mais tarde
E finjo que esqueço
Só pra fazer um charme
Pra ver se você continua sempre afim,
Porque não dá pra te imaginar longe de mim.

(velha)

árvore

Salve a árvore que existe em você
Não pode suas raízes,
Deixe a seiva correr solta
Sinta sobre as folhas,vento.
E sob a sombra,sento.
Confundo-me galho e viro,
Casa de passarinho.
Floresço,
Cresço,
Dou frutos,
Frutas,
Amadureço.
Esqueço pessoa que sou,
E tão convincente que de árvore fico,
Partem-me.
Tronco parte,
Parte coração,
Parte da folha parte.
Morro.

(velha)