sábado, 16 de agosto de 2008

aterrise

aterrise.
vale viver no céu,
sem certezas,
sem limites...
mas no céu
nada é seu.

cada coisa tem seu lugar.
cada chuva tem sua hora de acontecer.
não voe.
não volte atrás.
é deixar as coisas irem.
o vento passar e seguir.

e o que é pra voltar,voltará
voltará pisando forte.
voltará pelo chão.
certo como o peso de um passo.

há horas de se estabelecerem caminhos
e não existirem mais olhares panorâmicos.
há horas de se acordar em um lugar
e não mudar mais de cama.

aterrise.
o real está aí...
você pisca os olhos e ele não foge.
o real está aí,no claro.
não fuja pro céu.

(de)crescendo em círculos

não tenho princípio,meio ou fim.
como um círculo,
tenho épocas em ápice
quando chego perto do céu
e sinto que vou parar,
fixar-me.
mas como uma roda viva,
sou contínua em meu movimento de rotatividade
caio.
caio em mim e me vejo outra
e a mesma.
o desejo maior era de ser paralela,
uma linha reta que fosse seguindo sem fim.
olhando avante.
mas como a roda,rodo.
dou voltas e volto ao que era.
pronta pra desfazer-me e logo virar outra,
e voltar à original.
e assim,sem sequência
misturo o passado com o presente do futuro.
não sei o que querer
mesmo parecendo que tenho o que quero em minhas mãos.
porém isso é passageiro
confundo-me e indo...
volto ao giro.
andando,
(de)crescendo em círculos.

meu agora é o passado

quero o agora,
mas ele já se foi.
passou tão rápido
por meus dedos
que foi impossível capturá-lo.
tem seu momento único,
onde dança e faz tudo acontecer.
só o agora pode se ver.
é o único que pode se sentir ao todo.
giro a cadeira pra tentar captá-lo,
mas ele não está mais lá.
não o agora que fui em busca...
lá está o novo.
o agora nunca envelhece,
sempre sendo surpresa.
queria viver sempre o agora
mas não...
não conseguiria entendê-lo tão rápido
e passar isso tudo pra meu cotidiano.
por isso só olho atrasado.
só vivo do passado.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

descubro um pedaço a mais
este sabor é novo.
e me parece familiar...
fico dançando a imaginar os outros gostos de você
fico perdida só de ter estabelecido um compromisso
e cumpri-lo com tanto prazer.
me pego rejuvenescendo,
virando criança...
crescendo.
cresço num abraço infindável
que me toma,que faz esquecer.
só quero sentir o agora.
acordar e te sentir,
tão desperto,vivo.
o agora,isso sim é você.
e nunca foi de tão fácil comunicação.
numa sintonia que ultrapassa a pele.
quando me vejo já estou exposta,
ao avesso...
tão eu.
tão colada a ser nós.

embaraçando numa mistura de palavras
já não são sentimentos.
e eu já não sou o que falo,
sou meus olhos.
e sei que você vê tudo,quando mergulha neles.

e nada mais

um telefonema oculto
me ocupo de responder.
vestirei-me a carácter
desfilarei por centenas de bares.
quando seu olhar,já for meu
eu volto
ao banheiro que toca o céu
que faz o pó escorrer no chão.
mas uma hora sairei
irei à frente,sem pausas
e seu rosto nem mais enxergarei
virará um borro,
maior que os causados por meus cílios maqueados,
meus cílios que não disfarçaram os olhos lacrimejados
os cílios que só puderam chamar atenção aos grandes olhos.
e o salto,e a saia...
isso não era mais nada.
nua na multidão
nua não fosse pelos olhos.
aqueles que imergiram num mundo.
no mundo dele.

faz três dias

borboletou e parou assim:
pertinho.
queria contar um segredo...
e enquanto ia dirigindo
levando o corpo à algum lugar.
lembrei que era tarde.
deveria estar partindo,
oscilei,desviei,
e por fim,
consegui.
faz três dias que o coração aperta,
que a noite esquenta mais que o dia.
mas ainda sim,vai seguindo.
pé,e o pé seguinte...
voltei.
sem surpresas de chegada
velha rotina que todo dia passa rebobinada...
pego e sigo
sem sair da linha.
inerte ao meu esquilibrar

até que ganhe asas,tênis,sandálias,e com passo firme,eu vá (voltar).

welcome

bem vindo à um lugar que eu nem mesma sei.
estou a descobri-lo...
as vezes penso ser tão simples que fecho os dedos ao redor do que penso ser isto. me protejo.
as vezes sinto que meus dedos,assim como a palma da mão,deveriam se expandir para guardar algo de nome tão pequeno.
a palavra que preciso,não consigo conjugar.
e quando paro para sentir a respiração,me falta ar.
me sinto encantada e abençoada com o dom de sentir.
como uma bênção,exploro este universo mais amplo que os meros cinco sentidos.
sim,devo explorar os cinco sentidos. mas só enquanto os outros vêm me vindo sem nomes.
procuro segurar,imprimí-los rapidamente em palavras que muitas desconheço o significado,e exprimo-as só pelo sentimento. tento um texto descritivo que minuciosamente capte os detalhes deste lugar.
estes sentidos...
eles que um dia me darão aquilo que não sei o que é,mas sei que procuro.
mas sei onde está.
nunca foi tão inexplorado,tão amplo e tão vago,este lugar.
sei que concentrando-me,me extraindo das propagandas e alarmes ao redor,posso encontrá-lo. ainda não aprendi a me focalizar em algo,e tudo em volta passa em montanha russa,e eu cá. a espiar. e eu cá,a distrair-me com as voltas.
giro a cabeça e existem tantas das coisas pra captar.
não existe tempo.
se existe,eu ainda não aprendi a funcionar junto a ele.
vou achar uma ponte,sei que vou.
logo,logo estarei a caminho.
com flores à minha espera..
com o som dos passarinhos.
e quando finalmente o tempo andar à meu compasso,
chegarei.
com a tranquilidade de quem é esperado.
com um capacho de boas vindas.
um encontro a mim.

entrega

quis saber como era a entrega
fiz-me flores pra você cuidar...
colocou-me num vaso,num patamar
e admirou.
mesmo quando a luz da lua era pouco
e eu ia a murchar,
com o toque,
de seus dedos nas cordas
embalei-me.
fiz-me feito girassol...
aonde ouvisse aquela música
estaria eu lá.
a dançar...
quando você se fosse eu dormiria
ao som de seu cd.
feito só pra mim,só pra você
nunca mais estaria sozinha.
na sua melhor camisa me costuraria
assim,estaria lá,
com você,
todo dia.

sono

sono vem.
coisas se foram esses dias...
o café acabou no chão,
os azulejos se partiram...
penso se a cola realmente ajuda a colar.
há pedaços,
pedaços que sumiram por baixo da cama
que não voltam a aparecer.
são tão falsos quanto quando eram inteiros.
aquele "onde" em que dormíamos
já não é o mesmo.
tenho minhas velhas falas decoradas
e vivo a repetí-las.
quem sabe uma hora me convencerão
daquilo que já afirmei,
aquilo que já entendi...
esqueci.
converto tudo em cansaço
uma vontade de partir para o berço,
acolhedor.
para de baixo do cobertor.
no escuro tento reconstruir as partes
que um dia foram tão minhas
e agora se perdem à procura de se acharem.
vou-me a distrair com o belo.
e o resto vai se desconfigurando ao redor
só sei do macro que dou à lua cheia.
e depois disso,nada mais.
nada mais por tanto tempo.
coisas se foram esses dias...
eu procurei a fundo e não as encontrei.
coisas vão indo.
para o nunca.
para o mais...

chega sono,tudo se apaga.