quarta-feira, 25 de julho de 2012

A hora de lavar o rosto

É muito estranho, pra não dizer completamente surreal, quando você acorda em meio ao fogo. Acordar com suas coisas sendo queimadas te pega completamente despreparado... Você não sabe se chora porque saiu a tempo ou se desespera porque seus vestidos viraram cinzas.
Acontece que a vida é assim, vive pegando fogo e a gente vive despreparado, às vezes é tanta coisa queimando ao mesmo tempo que nem sabemos pelo que vale a pena chorar, se ainda vale a pena derramar lágrimas por alguma coisa.
Mas no fundo vale... Os fogos são clarões daquele jeito pra mostrarem o que tava escondido dentro dos armários, junto com aquelas roupas que você nem usava mas não jogava fora. O fogo te ajuda a ver o que não era essencial e estava perdido, fazendo volume.
Os fogos me tiraram muitas coisas esses dias, mas também me fizeram enxergar muita coisa guardada. Melhor que isso, os fogos me fizeram redescobrir a água. Ela, mais uma vez e sempre, a água apareceu pra apagar os fogos, lavar meus cabelos, esfriar as brasas e me levar a outros encontros.
Eu estava na estrada, aliás, ainda estou... E não pretendo adiar mais meus dias, nem o destino que escolhi, mas a estrada também ensina que às vezes quando se cai, deve-se seguir os próximos quilômetros um pouco mais devagar, com mais cautela...
E para isso, pra sarar os machucados, os joelhos, os desejos que queríamos realizar agora e não podemos, os sonhos que foram embora rápidos demais, queimados como incensos, temos a água, em um mar sem fim, ou numa garrafinha, sempre tem um pouquinho de água por aí pra lavar o rosto, apagar as lágrimas, os fogos e nos levantar.

Uma coisa é fato, tem muita estrada pela frente...

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