quinta-feira, 18 de setembro de 2008

a fuga


saiu dos cabelos,
da ponta.
cruzou a ponte
e tudo estava entre os dedos.
decidiu-se por ir...
voando de olhos fechados.

não precisava deles,
seria bom sair da linha
sem lucidez.

seria sim,liberdade.
ruptura.
revolução...
a saída,
no final da ponte,
da luz...
a saída,

a fuga.

sábado, 16 de agosto de 2008

aterrise

aterrise.
vale viver no céu,
sem certezas,
sem limites...
mas no céu
nada é seu.

cada coisa tem seu lugar.
cada chuva tem sua hora de acontecer.
não voe.
não volte atrás.
é deixar as coisas irem.
o vento passar e seguir.

e o que é pra voltar,voltará
voltará pisando forte.
voltará pelo chão.
certo como o peso de um passo.

há horas de se estabelecerem caminhos
e não existirem mais olhares panorâmicos.
há horas de se acordar em um lugar
e não mudar mais de cama.

aterrise.
o real está aí...
você pisca os olhos e ele não foge.
o real está aí,no claro.
não fuja pro céu.

(de)crescendo em círculos

não tenho princípio,meio ou fim.
como um círculo,
tenho épocas em ápice
quando chego perto do céu
e sinto que vou parar,
fixar-me.
mas como uma roda viva,
sou contínua em meu movimento de rotatividade
caio.
caio em mim e me vejo outra
e a mesma.
o desejo maior era de ser paralela,
uma linha reta que fosse seguindo sem fim.
olhando avante.
mas como a roda,rodo.
dou voltas e volto ao que era.
pronta pra desfazer-me e logo virar outra,
e voltar à original.
e assim,sem sequência
misturo o passado com o presente do futuro.
não sei o que querer
mesmo parecendo que tenho o que quero em minhas mãos.
porém isso é passageiro
confundo-me e indo...
volto ao giro.
andando,
(de)crescendo em círculos.

meu agora é o passado

quero o agora,
mas ele já se foi.
passou tão rápido
por meus dedos
que foi impossível capturá-lo.
tem seu momento único,
onde dança e faz tudo acontecer.
só o agora pode se ver.
é o único que pode se sentir ao todo.
giro a cadeira pra tentar captá-lo,
mas ele não está mais lá.
não o agora que fui em busca...
lá está o novo.
o agora nunca envelhece,
sempre sendo surpresa.
queria viver sempre o agora
mas não...
não conseguiria entendê-lo tão rápido
e passar isso tudo pra meu cotidiano.
por isso só olho atrasado.
só vivo do passado.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

descubro um pedaço a mais
este sabor é novo.
e me parece familiar...
fico dançando a imaginar os outros gostos de você
fico perdida só de ter estabelecido um compromisso
e cumpri-lo com tanto prazer.
me pego rejuvenescendo,
virando criança...
crescendo.
cresço num abraço infindável
que me toma,que faz esquecer.
só quero sentir o agora.
acordar e te sentir,
tão desperto,vivo.
o agora,isso sim é você.
e nunca foi de tão fácil comunicação.
numa sintonia que ultrapassa a pele.
quando me vejo já estou exposta,
ao avesso...
tão eu.
tão colada a ser nós.

embaraçando numa mistura de palavras
já não são sentimentos.
e eu já não sou o que falo,
sou meus olhos.
e sei que você vê tudo,quando mergulha neles.

e nada mais

um telefonema oculto
me ocupo de responder.
vestirei-me a carácter
desfilarei por centenas de bares.
quando seu olhar,já for meu
eu volto
ao banheiro que toca o céu
que faz o pó escorrer no chão.
mas uma hora sairei
irei à frente,sem pausas
e seu rosto nem mais enxergarei
virará um borro,
maior que os causados por meus cílios maqueados,
meus cílios que não disfarçaram os olhos lacrimejados
os cílios que só puderam chamar atenção aos grandes olhos.
e o salto,e a saia...
isso não era mais nada.
nua na multidão
nua não fosse pelos olhos.
aqueles que imergiram num mundo.
no mundo dele.

faz três dias

borboletou e parou assim:
pertinho.
queria contar um segredo...
e enquanto ia dirigindo
levando o corpo à algum lugar.
lembrei que era tarde.
deveria estar partindo,
oscilei,desviei,
e por fim,
consegui.
faz três dias que o coração aperta,
que a noite esquenta mais que o dia.
mas ainda sim,vai seguindo.
pé,e o pé seguinte...
voltei.
sem surpresas de chegada
velha rotina que todo dia passa rebobinada...
pego e sigo
sem sair da linha.
inerte ao meu esquilibrar

até que ganhe asas,tênis,sandálias,e com passo firme,eu vá (voltar).

welcome

bem vindo à um lugar que eu nem mesma sei.
estou a descobri-lo...
as vezes penso ser tão simples que fecho os dedos ao redor do que penso ser isto. me protejo.
as vezes sinto que meus dedos,assim como a palma da mão,deveriam se expandir para guardar algo de nome tão pequeno.
a palavra que preciso,não consigo conjugar.
e quando paro para sentir a respiração,me falta ar.
me sinto encantada e abençoada com o dom de sentir.
como uma bênção,exploro este universo mais amplo que os meros cinco sentidos.
sim,devo explorar os cinco sentidos. mas só enquanto os outros vêm me vindo sem nomes.
procuro segurar,imprimí-los rapidamente em palavras que muitas desconheço o significado,e exprimo-as só pelo sentimento. tento um texto descritivo que minuciosamente capte os detalhes deste lugar.
estes sentidos...
eles que um dia me darão aquilo que não sei o que é,mas sei que procuro.
mas sei onde está.
nunca foi tão inexplorado,tão amplo e tão vago,este lugar.
sei que concentrando-me,me extraindo das propagandas e alarmes ao redor,posso encontrá-lo. ainda não aprendi a me focalizar em algo,e tudo em volta passa em montanha russa,e eu cá. a espiar. e eu cá,a distrair-me com as voltas.
giro a cabeça e existem tantas das coisas pra captar.
não existe tempo.
se existe,eu ainda não aprendi a funcionar junto a ele.
vou achar uma ponte,sei que vou.
logo,logo estarei a caminho.
com flores à minha espera..
com o som dos passarinhos.
e quando finalmente o tempo andar à meu compasso,
chegarei.
com a tranquilidade de quem é esperado.
com um capacho de boas vindas.
um encontro a mim.

entrega

quis saber como era a entrega
fiz-me flores pra você cuidar...
colocou-me num vaso,num patamar
e admirou.
mesmo quando a luz da lua era pouco
e eu ia a murchar,
com o toque,
de seus dedos nas cordas
embalei-me.
fiz-me feito girassol...
aonde ouvisse aquela música
estaria eu lá.
a dançar...
quando você se fosse eu dormiria
ao som de seu cd.
feito só pra mim,só pra você
nunca mais estaria sozinha.
na sua melhor camisa me costuraria
assim,estaria lá,
com você,
todo dia.

sono

sono vem.
coisas se foram esses dias...
o café acabou no chão,
os azulejos se partiram...
penso se a cola realmente ajuda a colar.
há pedaços,
pedaços que sumiram por baixo da cama
que não voltam a aparecer.
são tão falsos quanto quando eram inteiros.
aquele "onde" em que dormíamos
já não é o mesmo.
tenho minhas velhas falas decoradas
e vivo a repetí-las.
quem sabe uma hora me convencerão
daquilo que já afirmei,
aquilo que já entendi...
esqueci.
converto tudo em cansaço
uma vontade de partir para o berço,
acolhedor.
para de baixo do cobertor.
no escuro tento reconstruir as partes
que um dia foram tão minhas
e agora se perdem à procura de se acharem.
vou-me a distrair com o belo.
e o resto vai se desconfigurando ao redor
só sei do macro que dou à lua cheia.
e depois disso,nada mais.
nada mais por tanto tempo.
coisas se foram esses dias...
eu procurei a fundo e não as encontrei.
coisas vão indo.
para o nunca.
para o mais...

chega sono,tudo se apaga.

terça-feira, 15 de julho de 2008

e segue nessa:
de um lado o rio fluindo vai
até não parar mais.
chegar no ápice e se misturar com o céu.
ficar neste ciclo,eternamente.
só rio e céu,
contínuos.
de outro lado dançam.
criança,adulto e tios...
namorados.
e se bagunçam na dança
rodam,trocam de par.
mistura-se tudo,
e o mundo grande da cabeça
faz-se garagem,
arquiva tudo como momento.
um tão forte como o outro,
que paradoxalmente,
sem espaço para a omnipresença,
querem vir à tona.

pois deixe que o tempo decida.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

controle

me diz como eu controlo
isso que não posso tocar.
queria ver as flores voando ao vento,
livres
e não pegá-las pra plantar.
seria bom a certeza de que é vivo
mesmo aquilo que não ouço.
eu veria de outro jeito
se não me faltassem óculos especiais.
enxergaria algo mais no olhar.
num toque qualquer saberia de tudo,
se houvesse algo a saber...
o dia nasce,corre,morre,
aquilo que está brotando
já cresce sem eu perceber.
e como eu controlo algo que não posso ver?

domingo, 22 de junho de 2008

lugar

Vamos correr o mundo.
Achar um lugar aonde o tempo seja contado
Pelo número de vezes que nos olharmos.
Te beijar na chuva
De baixo de um céu
Que não limita,
Só nos deixa a sonhar.
Vou sonhar com você e uma casa
Flores,filhos,rios a percorrer...
E tudo a ser percorrido pela primeira vez
Pela última vez.
No fim da noite dormirei
Com você sobre mim,
A me falar de coisas,de dias...
A me descobrir.
Quando abrir os olhos,já será manhã
Andaremos ao fundo deste lugar.
Nascerão flores no caminho,
Embaladas em meu leito
E que crescerão ao som de sua música.
Mas se um dia me der conta
Que isso não passou de sonho
Espero mesmo assim,
Acordar ao seu lado.
Olhar (mesmo que pela última vez)
Seus olhos.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

amo(r)te

desta vez, ou é amor, ou morte.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

para vida...

vida,hoje é dia de viver!
eu sei que anda difícil de sair da cama
nesses últimos tempos
eu entendo tudo.
entendo toda essa falta de vontade de acordar
e de ver o sol.
é complicado ver o sol às vezes...
ele deixa tudo tão claro!
e tem horas que a gente quer ficar naquele escurinho
e se dedica tanto ao escurinho,
que ele toma conta de todo o dia.
mas sabe,minha querida vida,
um dia a gente tem que conseguir abrir a janela,
encarar o sol.
deixar esse escurinho ir embora
e olhar além.
e você vida,é tão maravilhosa,
tão especial,tão única,
que só merece...viver!
viver,e gozar da vida
e por mais que você não acredite,
uma vez no sol,você verá realmente,
o quanto ele faz bem.
você é ótima pra se adaptar a tudo,
vire amiga,confidente do sol,
de cara limpa,alma lavada...
nele você encontrará um espelho
e verá que o sol está em você.

eu já vi isso,mas você deve me achar meio suspeita pra falar...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

para vó

Olhar doce como seus brigadeiros
Você me apaixonou
Com suas canções de ninar
Sua mania de agradar
Chego de surpresa
Pedindo um abraço e um colo pra chorar
Bagunçando a casa, inventando programa, fazendo pirraça.
Só pra você me notar
E a noite te ligo, dengosa e com medo.
Quando desligo me acalmo
E durmo.

(velha)

ligações

É tão rápida.Uma ligação.Cada vez são menos minutos de nossas vidas, e cada vez esses minutos são mais caros em um telefonema.Cada vez mais distantes esses telefonemas, ou minutos são.Você me liga pra que a gente finja juntas que estamos perto, já que a saudade é grande.O amor ta sempre perto, mais as contas telefônicas, os telefonemas, á, estes sempre mostram o quanto estamos longe e que está cada vez mais caro fingir.
A gente ta longe, as contas vem caras, mas é bom ouvir sua voz e lembrar as vezes que a ligação traz um pouquinho de você pra mim, nem acho a voz tão importante, mas ela reconforta por dentro, e como reconforta.
A ligação é a melhor forma de perder dinheiro e um pouco de saudade.

(velho)

se estas paredes falassem

Se estas paredes dessa casa antiga,
Se estas paredes falassem...
Eu não dormiria com os cochichos
Quando chegasse visita eu trancaria meu quarto pra ninguém entrar
Elas gritariam sempre e,
Eu mediria cada palavra.
Nas noites mais frias,
Nos dias mais quentes
Eu sentaria no chão pra conversar com elas.
Eu rabiscaria-as menos
Já que já teriam todas minhas frases prediletas na memória
Minhas melhores psicólogas
Com almas alheias
Seus espíritos seriam pintados pelas experiências de todos que passassem por elas
Camadas e mais camadas de opiniões,
de medos,de desejos,de estórias,
de tinta branca.
Branca pra que absorvesse tudo.
Chegariam a produzir um livro,
Da vida...
Que elas ouviam,mas que nem podiam fazer nada
Paradas,imóveis,paredes...
Ainda se tivessem braços pra se mover!
Mas calma,ainda só estamos pensando...
Se estas paredes falassem

(velha)

queima

Apaga os meus cabelos.
Cada fio de esperança...
Apaga o batom,
Do beijo naquela camisa branca.
Arranha o disco,
Que toca a música.
Roda e me limpa,
Com um jato único de água.
Aliás, água não.
Álcool,porque limpa tudo,
E se não limpa pelo menos queima.
Quero mais uma vez algo quente por dentro.
Já que você já virou chuva,
E agora só passa.
Cai pelo asfalto e limpa meu chão.

(velha)

olhos de tempo

Olhos de tempo
De um tempo que nem existiam meus olhos
Olhos de segunda-feira,bem de manhãzinha
Histórias vistas e histórias vividas
E vida guardada no olho
Janela quebrada da alma
Cheia das coisas em casa
Na cama vendo telenovela em noite de sexta-feira
Vigia criança,banha o cachorro
Rugas,ruas,linhas apagadas
Guardadas dentro de casa
A casa que acolhe,a casa que lava
Passa lápis em contorno dos olhos e marca o olhar
E pisca o dia inteiro pro lápis esfumaçar
Percebe,e sente o cheiro e brilha
Que por trás das lentes que a cobrem
Você vê nitidamente que ela é sempre assim,
De dentro pra fora,
Do final pro meio
Sempre é o mesmo pontinho com coordenada marcada
E já tanta coisa se ocorreu
E de tamanduá bandeira já correu
Que podem dizer os verdes olhos cansados
Essa viveu,ralou o joelho,ama e é aprendiz
Diz todo dia:”nessa quinta eu opero os olhos”.

(velha)

o amor

Minhas lágrimas escorriam como a chuva
E meu coração mais uma vez encontrava-se encharcado,afogado de amor
Distante como um rio que divide duas grandes cidades
Muros construídos ao redor de mim e de você
Que nos afastavam,e nos faziam distantes como olhares
E vagos olhares de pedra
Rígidos,como quem quisesse provar pra um mundo
Que ali,nunca houvera sentimento algum
Que mesmo que houvesse,este agora encontrava-se esquecido
Esquecido como qualquer brinquedo depois de uma brincadeira de criança
O amor transformado em objeto
Que depois de ter sido usufruído pela criança
Fora deixado pra trás
Que bom que mostramos só o que queremos para o mundo
E que este,nem se importa mais com nossa história
Agora,construímos o que queremos
Do puro,fez-se pedra
Da construção,fez-se esquecida
Do amor,fez-se saudade
Da lagrima,fez-se retrato
De você,fez-se pássaro
De mim,fez-se,faz-se,foi-se,
O amor.

(velha)

nua e crua

Paisagem minha,
Nua
Diante do espelho.
Foco meu olhar seguro,
Cru.
Penetrando-me
Alma adentro.
Embelezando-me
Inteira de paz.
Passo os dedos no cabelo
E sinto-os limpos,frágeis
Quedas,
Hora de recomeçar;
Embebedo-me
De meu passado.
Choro os olhos,
Lavo a cara,
Lavo o corpo,
Lavo a alma
Pra continuar
E descubro,
Isso,logo depois de descobrir os olhos
Que volto a encarar-me
Que não por ser imagem certa à frente do espelho,
Volto em mim.
Personagem
Encenando-me,
Nua e crua.

noites boêmias

Noites boêmias
Caçando pinga barata em bar
Batom vermelho vivo
Sobe mais um andar
Caminhando devagar até a lua
Teme não encontra-la
Joga cerveja no nascer do sol
Pra tentar apaga-lo
Não encontra a lua
Muito menos apaga o sol
Vermelho nem vivo mais é
O bar começa a se fechar
O asfalto vira sua cama e cobertor
A água que cai sobre ela no outro dia,
Seu despertador.


Hoje eu vi um anjo
Pousado na arvore que tem em frente a minha janela.
Ele nem chegou a entrar em meu quarto.
Acho que era pra não me assustar.


Ele tinha umas asas grandes.
Não só maiores que a árvore.
Todo dia eu me dou uma explicação nova
Pra dizer que tenho alguma estrutura


Ele parecia não precisar de estruturas
Tampouco devia ter medo de algo
Qualquer coisa era só voar


Era lindo ve-lo
Mas eu tinha medo
Medo de encará-lo
Porque ele parecia me ver através da janela e do corpo


Então quis assustá-lo gritando alto
Mas ele parecia que já estava acostumado a tais berros
Não sorria
Não reprimia
Não voou


Só continuava ali
E eu começava a me acostumar
E encarei-o com firmeza
Nessa hora ele voou


Uma paz me encheu por inteiro
E eu sabia que era porque ele estivera me cuidando
Não sabia o motivo de tal zelo comigo
Então inventei uma historia
Pra explicar.

(velha)

camisetão

Eu acordando com aquele seu camisetão
Num colchão velho de solteiro
Que me fazia ficar tão coladinha a você
A noite toda
E me fazia acordar já caindo do colchão
Com você todo esparramado
O travesseiro já no chão
E você acorda
E me dá um beijo,daqueles de começo de manha
Mais tarde a gente esquenta uma pizza
De duas noites atrás
E toma o final,daquela coca sem gás
E pega um ônibus pra ir ao cinema mais barato
Esperar na maior fila
Ah,mas vale a pena,com namorado...
Ai a gente come um cachorro quente
Com umas moedas que sobraram
A gente vai pra minha casa
E agradece porque meus pais ainda não chegaram
E namora mais um pouquinho
Aproveita e vê mais um filminho
Tudo bem agarradinho
Até que você tem que ir
E eu fico de te telefonar mais tarde
E finjo que esqueço
Só pra fazer um charme
Pra ver se você continua sempre afim,
Porque não dá pra te imaginar longe de mim.

(velha)

árvore

Salve a árvore que existe em você
Não pode suas raízes,
Deixe a seiva correr solta
Sinta sobre as folhas,vento.
E sob a sombra,sento.
Confundo-me galho e viro,
Casa de passarinho.
Floresço,
Cresço,
Dou frutos,
Frutas,
Amadureço.
Esqueço pessoa que sou,
E tão convincente que de árvore fico,
Partem-me.
Tronco parte,
Parte coração,
Parte da folha parte.
Morro.

(velha)

domingo, 27 de abril de 2008

você,mãe

acho tão lindo quando lembro
que você,mesmo sendo tão sua,
se dividiu um pouquinho pra que eu fosse eu.
repartiu sua alma em mil pedacinhos e me deu.
confiou-a à mim numa ligação eterna,
que mesmo quando longe,
ainda te sinto perto.
aqueles quase nove meses nos fizeram tão confidentes
de uma intimidade,amizade tão grande,
que às vezes me esqueço que literalmente,
não estou mais por dentro de você.
você encheu aquela ligação umbilical de coisas lindas suas,
que agora são coisas lindas minhas também.
se continuou em mim,e eu me procuro em você.
e me acho,
naquele espaço em que criamos quando só havia nós.
naquele lugar em que somos nossos próprios espelhos,
e através dele construimos nossa igualdade.
naquele espaço em que guardamos os risos,
os choros,os olhos...
todo o compartilhado.
naquele espaço que dilatamos pra caber eu e você,
cada vez maiores.
crescendo de amor a cada dia.

o meu eu,
é tão colado ao seu,
que a gente se mistura.

terça-feira, 25 de março de 2008

subida

hoje estou meio assim,out of control.
foi simples descobrir isso. simples descobrir,aceitar não. aceitar é complicado até agora. o que se passou foi,eu cheguei lá.
e fiquei esperando tanto pra chegar lá(neste lugar que cheguei),fiquei pensando tanto,planejando tanto no que fazer quando chegasse,que agora que cheguei estou perdida.
não sei qual é o próximo passo. aliás,sei. sei e não gosto nada do próximo passo. não gosto,não por ele já ser mais um degrau na subida que é o desenrolar da situação,e assim sendo,por me deixar ansiosa pelo próxima passo que darei. não gosto dele,simplesmente por ser como o começo.
o começo é aquele em que eu me encontrava ainda no chão. esperando no chão. aí eu fui,me juntei de toda a cara de pau e coragem,que meu pai me disse tantas vezes que eu tenho(mesmo que eu só tenha isso na cabeça dele) e subi um degrau. o primeiro.
na minha cabeça,o mundo já virou de cabeça pra baixo,por eu ter subido esse primeiro degrau. assim,gosto da modernidade,mas eu tenho de confessar que tenho um pézinho no tradicionalismo. esse meu pézinho me deixa sempre um passo atrás das atitudes que eu gostaria de tomar. quando esse meu pé ficou sabendo da história de eu ter subido o primeiro degrau... não deu certo. ele queria que eu descesse tudo de volta e saísse correndo daquela escada. mas aí,tivemos uma conversa e ele entendeu que em tal situação,não se pode voltar atrás.
mas voltando a contar do degrau em que estou,o problema deste degrau,deste degrau em que foi tão difícil subir,é que ele me deixa no mesmo estado em que eu estava antes de subir nele. ele me deixa num patamar mais elevado,mas não deixa de me deixar esperando. e se tem uma coisa que eu odeio,é esperar.
o que acontece é: houve uma ação,minha,e agora falta a reação,penso eu,acreditando cegamente na 3ª lei de newton,que uma hora ela há de chegar.
enquanto ela não chega,eu tenho de ficar nessa inércia. não posso mais dar o próximo passo,antes de 'plantar o que colhi'. mas não,não quero pensar na minha inércia de agora.
o ponto alto de hoje,o que fez toda a audiência do meu dia subir,foi àquela hora... em que eu me despi de todos os meus conceitos pré estabelecidos,em que eu botei minha cara a tapa,evidenciei toda e cada palavra que eu disse pra dizer tudo de supetão,sem ter esquinas pra onde correr e socorrer-me,sem ir em contra-mão,sem ter como voltar atrás.
hoje posso ficar orgulhosa porque não me controlei,e disse:
- eu amo você.

domingo, 9 de março de 2008

by my side

Hey dad, you know...

I just called to say hello


Here the summer is harder than ever

I go to school thinking only

In the time to get back

I pass the days thinking only

About what I had


By your side


I don’t know what’s happening between us

I’m a bit confused, just like when I take a bus


Send kisses for my brothers

I really miss them

I wish that I could see all of you everyday


Sometimes when I’m sick

Something happens to me

I start crying because of you,

Because of the moments we had together on my childhood


I can’t explain what is it for you

But I guess, one day, you should call me too

To tell me that if it were necessary

You would turn the world upside down

Just to be here again

By my side

segunda-feira, 3 de março de 2008

quero

quero,
enrolar a língua buscando algo que nunca busquei.
afundar navios não parece ser tão mal...
ir ao centro e ver que o e.t. sou eu,
nada mais que eu.
achar alguém que ache o céu em mim,
buscando aonde ainda não encontrei
aquele planeta que me explique o que não entendi.
vou voar num tapete que vai acalmar minha adrenalina
e transformá-la em paz.
entrei de olhos vendados em um quarto desconhecido,
só sabia da porta.
o que vai me acontecendo agora,não sei dizer,
estou esperando ouvir qualquer coisa
pra começar a situar-me.
ainda é um lugar estranho.
como aquela sensação que me arrepia os pêlos,
me faz chorar...
aquela coisa que me dá às vezes com coisas que eu não conheço
mas meu corpo reconhece.
a química do beijo,deve vir disso.
a gente ainda nem gosta daquilo,mas o corpo já gostava a tempo...
como um pedaço perdido,se acha,
e quando acha,floresce em sentimento.
em sentidos.
todos se afloram e a gente gosta.
pode até reformular os pensamentos da cabeça
mas sempre que em contato com sua parte perdida,
o corpo volta a desobedecer e a gostar.
e a gozar daquilo.
quero aprender francês,
tornar meu ócio em produtivo.
vou recomeçar do cem,e ir (des)evoluindo
voltar ao zero e ir crescendo.
quem sabe assim,depois (de)correr a vida em círculos
eu nasça em mim mais uma vez,e (re)conheça-me ao todo,
com a mesma certeza que tenho,ao contar meus dedos dos pés.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

hoje a casa está tão vazia,
deve ser a falta da geladeira na cozinha.
e eu que achei que abrindo-a todo o tempo,
dando toda a atenção,
preenchendo-a quase que diariamente,
ela não fosse embora nunca.
primeiro sua energia se desligou.
(como que num sinal de que ela podia ir a qualquer hora)
eu nem tentei mandar consertar...
ela não estava ótima,mas estava ali.
na verdade eu sempre tive medo de tomar uma grande decisão
e as coisas darem errado por causa dela.
fui deixando tudo como estava
apesar deste tudo não ser bom,
e aí tudo que estava dentro,um dia,estragou.
mesmo com os rótulos me afirmando outra coisa.
e eu não entedia isso,
já que validade não havia sido vencida,
estava tudo dentro do prazo e nada faltava.
lembrei da energia
e vi que isso era só conseqüência da falta dela.
foi tanta raiva que me deu,
que eu joguei-a fora sem olhar pra trás.
agora sinto um vazio...
mas bem,recuso-me a admitir que foi falta de cuidado meu.
ah,isso não.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

organização

organizei as prateleiras.
era dia de deixar cada coisa em seu lugar,
mas arrumar nunca foi meu forte.
o lixo,
que estava repleto das coisas que não me cabiam mais
cheio de tudo que eu disse que tinha de jogar fora,
caiu ao chão deixando tudo a mostra.
coisas que eu não queria mais ver,
que eu tinha me forçado à esquecer,
até sua foto rasgada em mil pedacinhos.
comecei a encarar seu olho,
que me olhava.
dava pra ver que não tinha ficado contente com sua nova morada.
não liguei.
mentira,liguei,
mas como ninguém me olhava eu inventei que não ligava.
aí eu fui arrumar o resto das coisas...
eu organizava a prateleira e colocava as fotos novas,
os beijos novos,
os telefones,
tudo que de agora em diante,tinha que ser a prioridade.
tudo que eu deveria gostar de verdade.
depois peguei uma pá e fui catar o lixo
e joguei logo todos seus pedacinhos pela janela.
não queria que mais uma vez você arriscasse minha organização.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

atrás

e o que estava esquecido,
voltou.
e o que estava escondido,
apareceu.
aquele que não gostava,
dançou.
e o que já amava,
desencantou.
quem estava vivo,
morreu.
e o acordado,
adormeceu.
comprou uma casa,
vendeu.
e quem se casou,
separou.
e a bala que fere,
retorna.
e a luz que pisca,
se apaga.
quem foi,
voltou
atrás...