quinta-feira, 8 de outubro de 2009

tentando calar (a fome ?)

todas essas substâncias,sólidas ou não,que se infiltram no meu corpo pra tentar juntar as peças que dentro de mim estão tão soltas,não fazem nada por mim. por mais que fique repleta de sons,dormindo ou desperta,por mais que eu coma,me alimente com tudo que possa vir a entrar dentro de mim,essa fome não passa. não existem limites em mim,nem tréguas depois de ter ultrapassado o que escolho. colhi o que plantei? escolhi as sementes erradas e terminei por semear o que? nada parece ter crescido,já que só sinto fome. já que há só esse vazio. o que há nesse mar que habita meu estômago e que agora anda inquieto,sem calmarias? mais uma vez levo algo a boca pra calar as palavras da fome,e é assim que seguem meus dias. mais uma vez eu mastigo sem prestar atenção; mais uma vez,sem perceber,a inércia me atinge e eu só continuo. mais uma vez eu aguento,eu engulo tudo e não deixo nada no prato. uma hora tudo acaba,uma hora vomito.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

não espere mais por mim...
já sabemos que meus passos
nunca chegarão aonde você acha que devo ir.
não quero viver mais decepções,
quero viver livre.
traçar meu próprio caminho,
como um passarinho...
a voar por aí,
a voar só por ele.
quero sentir o vento,
inventando rotas e paixões...
coisas minhas.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

hoje o dia estava perfeito para mim. o céu estava numa mistura nublada,com pitadas de chuva, e vento pra balançar os cabelos e mudar os ares. não teve jeito, eu passeei pela cidade o dia todo lembrando você. pensei em como poderíamos conquistar o mundo soltando pipas no congresso e correndo cobertos,apenas, pelas estrelas do céu. eu não teria limite, e logo você perderia o seu andando ao meu lado. queria que o que foi falado tivesse passado de ser só desejo e que a chuva tivesse caído sobre nossos cabelos contando baixinho seus segredos de água. você devia aprender com o ciclo da água... aprender que tudo recomeça e acaba outra vez. e não deixa de ser lindo,nunca. hoje a noite deveria ser doce como capuccino,mas ela é apenas fria e eu estou somente só. poderia mudar o mundo,mas ele não é meu.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

simples,não?!

a vida é mais simples do que a pintamos...
mas com muita imaginação,
com sentimentos sem fim,
conseguimos transformá-la.
pena ser tão difícil transformarmo-nos,
decidir e ir atrás,
sem passados.
queria ser simples,mas não depende só de mim.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

hoje não

até ontem,
até antes,
hoje era nosso dia.
hoje mais do que ontem,
mais do que antes,
hoje deveríamos ser nós.
mas não...
não somos mais
e tanto faz...
o dia já anoiteceu
e já foi de alguém.
hoje,
mais que ontem,
mais que antes,
queria que secasse essa chuva
que corre por meus olhos.
mas como ela há de secar?
como eu hei de melhorar,
se não com você?
mesmo com a distância
dos metros,
dos anos,
só poderia me secar em você...
como antes,
como ontem.
hoje não.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

como eu apago, isso que vai me queimando sem intervalos?

um barco

quem sabe minhas mãos me dêem
a capacidade de construir um barco,
que me leve algum dia ao seu reencontro,
à nosso reencontro.
as coisas, as nossas, não podem ir com o ar.
elas não foram ilusão.
a distância também não foi ilusão.
mostrou como pode inverter as coisas,
aumentar e diminuir tamanhos.
que pena não ser certeza
que como o mar, possamos ir e voltar,
sem danos.
sem planos vem o futuro,
só desejos.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

?

agora somos nós,
em cores pálidas
e em fotos já velhas.
e o que fomos nós
que agora se foi?
devagar todos os sinais
da nossa existência
vão sendo apagados.
tudo vai sendo levado pelo vento,
vai voando no ar.
você tenta me explicar,
pacientemente,
nota por nota,
tom por tom...
mas eu não entendo.
será mesmo que chegou a calmaria?
ou ainda é dia de tempestade?
ah, se eu pudesse,
dar cores à nossa vida,
ir pintando tom por tom.
ah,se eu tivesse,
guardado em cada foto
som por som...
talvez agora não fosse assim,
e então assim,
(fôssemos) nós.

sábado, 13 de junho de 2009

minha casa

que eu viva,
e crie...
e me torne independente.
dependente apenas de meu corpo,
que me levará a lugares aonde nunca fui.
aonde fui e voltei.
aonde quero chegar.
minha casa sou eu,
e meus pés que nunca me abandonam,
não importa a distância...
vou plantar flores em meu jardim
e me cultivar.
vou crescer e chover em mim,
quando precisar chorar.
recomeçar tudo outra vez.
nunca estou sozinha,
minha casa é do meu tamanho.
eu vou sempre me ocupando,
me cuidando,
me embalando pra dormir.
e quando o mundo não é claro,
eu sento na porta,
da minha casa,
e espero o mundo voltar.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

se

não tenho canto,
por isso quando canto,
é pra todo mundo.
num segundo,
sinto tudo,
e não entendo,
e fico mudo.
queria poder ouvir o pensamento.
minto,
queria ouvir o seu.
já sei que não sou sua,
nem que você é mais meu...

mas fico sem graça,
quando cala,
e sou só eu.
queria que você berrasse,
e de qualquer lugar eu escutasse,
que seu pensamento é o mesmo que o meu.
queria que você quisesse,
que você voltasse,
que cantasse para o mundo como eu.
prefiro ficar sozinha,
mentindo pra mim mesma,
do que ter que reconhecer
este lugar que não parou no tempo,
este lugar que não é meu.
não posso simplesmente passar acetona
nas paredes pra que voltem a ter a minha cor,
ocupar o meu espaço.
já cobriram as paredes com tinta creme,
difícil de retirar.
estou me acomodando sozinha,
a um lugar que desocuparam e me deram,
sem me perguntarem como eu queria.
esperam de mim,compreensão
e eu espero cuidado...
mas na minha idade já aprendi a levantar
sem mãos.
acho que por isso não me estendem mais,
acho que não me entendem mais,
agora que prefiro calar à falar.
agora que fico sozinha.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

stay loose- belle and sebastian

And I know it could be me
I'm always asking for more
I keep running round in circles
I keep looking for a doorway
I'm going to need two lives
To follow the paths I've been taking

queria ou duas vidas, ou ser duas.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

onipresença

estou em um metrô.
sentada em um assento
que está de costas para o sentido em que
o metrô anda.
estou indo, inexoravelmente,
a caminho do meu futuro,
porém não deixo de ir observando meu passado,
e notando coisas que não percebia
quando tinha o poder de alterá-lo.
vivendo em uma onipresença
eterna com os dois.
fugindo de um e correndo para o outro.
não tenho poder de escolha,
só sou o que sou agora,
porque deixei o resto para trás.
só sou o que sou agora
(mesmo que isso talvez não me agrade),
porque esse resto me acompanha.

domingo, 19 de abril de 2009

queria poder me desconstruir.
assim renasceria...
sem passado, só atenta ao futuro.

se eu estivesse desenhada em uma folha de papel,
para que a vida fluisse melhor,
a rasgaria em mil pedaços
e começaria novamente.

faria isso toda vez que precisasse,
e da vida, só viveria o presente.

sábado, 18 de abril de 2009

nua em pêlo

com o tempo percebi que as coisas se tornaram mais claras.
não menos dolorosas, mas mais certas.
e com essas coisas vou me descobrindo.
claro, ainda estou coberta por um edredom de dúvidas,
mas meu pé já está fora.
com cada passo, e cada volta que dou, mudando de direção
vou desenhando o que sou e descobrindo o que fui.
anoto as coisas boas pra me lembrar de repeti-las.
tento acreditar no meu grito, e criar certezas para gritar.
só eu sei o quanto falo baixo, sussurro...
e peço socorro... a quem? não sei.
não sei se corro, ou permaneço,
mas se depois me esquecesse, não faria diferença.
não faço dança, nem sigo um ritmo.
meus passos caminham descontrolados, assim como minha gula.
queria provar de tudo, mas sem que o pouco, que às vezes é muito, me escapasse.
mantenho uma caixa do que não quero que me escape,
e uma caneta pra anotar o urgente, que é sempre o presente
que está pra acabar.

só não quero acabar antes de estar dormindo despida,
despedida de meu cobertor, nua em pêlo.

só me importa o que realmente é

agora faço parte de um segredo.
acho que sempre soube que fazia parte dele
e ele vai ser guardado no fundo do meu coração.
vai servir para quando eu desacreditar de tudo.
lembrarei dele lá,docinho...
e vou ver que aqueles dias não se foram,
que não existem limites, e sim,
amores.
não faço questão de ser uma capa de chuva,
prefiro esquentar por dentro,
bem escondidinha...
e ir deixando a vida levar,
seguindo os caminhos.
e quando estes se encontrarem,
estarei lá, leal.
chegando de viagem,
mas com a bagagem do que fomos,
e sempre seremos.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

enquanto minha cabeça
não se ligar diretamente
à minha boca,
as coisas que falo
vão continuar assim...
saindo sem parar.
criando histórias
e falando alto,
sem me comunicar.

terça-feira, 31 de março de 2009

de passagem

os devaneios foram-se pela janela aberta.
um pouco de luz e sons viajavam.
e ele ia atrás,ao seu caminho.
sem saber se era lá.

subiu as escadas num pulo.
as cores,sobres sombra no chão.
aquilo era bonito,mas havia algo mais,

de incompreensível.

ele tentou prestar atenção
e viu o que seria.
agora apresentava-se calmo.
sem móveis no chão.
deitou-se no carpete,coberto de poeira.
estava deitado,imóvel.
abraçou-se,quase virando nó.

depois de um tempo descobriu.
apenas estava:
nos momentos,trens,vestidos,vestido nas pessoas...
isso também não era seu.
estava a penas, a prantos.
descobriu a cidade inteira
e não era igual.
também não era seu o outro lugar.

em novas janelas e lugares que nunca conheceria
as sombras misturando-se de cores
e com eco nas paredes(que não eram suas)
elas dançavam.

parou.
o perdido,desembarca novamente.

o estômago ainda enjoado pelos balanços.
e o queria seria ele a vagar no caminho sem rumo,
viver sem ter como repousar...
ali só era outro rumo.

entendeu ao sair do trem.
do alto da escadaria,via,
estava só de passagem.
(com flores nas mãos)
agora sua única preocupação era de seguir,
e perpetuar.

sábado, 21 de março de 2009

as cenas que não são,ou não podem ser

se misturam beijos com fugas,
e horas no ônibus a pensar,
naquela música que não sai mais da cabeça.
o encontro é certo,
na imaginação.
se confundem sonhos com cenas de cinema,
vontades com dúvidas.
e dividas.
e divisões.
cada um para seu lado,
e as flores que não foram
a marcar o caminho,
a guardar o caminho.

só há caminho lá fora.
não caminho.

segunda-feira, 2 de março de 2009

talvez eu devesse tomar mais café...
quem sabe assim meu coração passaria o dia acelerado
e esqueceria do que se foi.
não tenho capacidade pra me adaptar e não nego.
de tempos que tento fingir que estar aqui é o que quero,
e falho.
nada é imune às mudanças do tempo,
dos ventos.
pude sentir isso,minuciosamente.
algumas coisas que se foram acabaram voltando melhores,
mas não fui eu quem determinei.
não posso controlar o que depende de mim,
que dirá o que não depende.
e os caminhos vão se traçando
sem que eu veja esse caminhar.
fico de longe espiando as coisas das quais já fiz parte.
das vidas que já colaram tanto,que se confundiram.
hoje as coisas se dispersaram,
nada mais é o que era.
tudo aquilo se foi e é preciso aceitar.






saudades das minhas sandálias,e dos passos que elas deixaram pra trás

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

chuva que trás

acordou com pingos,
no meio da noite.
e na manhã que se fez
desceu a chuva.
deixando a cidade acordar atrasada
com o escurinho.
assim neste dia não houve sol sobre o mar,
nem gelos para água.
por trás dos óculos de sol
tudo parecia muito cinematográfico.
o céu era cinza claro;
os pensamentos também estavam claros.
a música embalava o tráfego
e o sinal era sempre verde.
o trânsito fluía.
com vento balançando as saias,
meninas voavam,
quando só estavam indo.
os beijos que foram mandados
beijavam outros destinatários.
os guarda-chuvas protegiam
as crianças que iam à escola,
e que pela chuva forte voltaram.
a chuva contagiou muitos,
estes preferiram ficar de cama
e ver o tempo,tão lento,
passar pelas janelas.
a chuva dançava nas pétalas das flores
(dos brotos das flores),
e depois escorria,molhando sua casa:
a terra.
a noite foi chegando,
junto aos arrepios dentro dos agasalhos.
e em um céu sem lua,
dormiram todos mais cedo
como se não houvesse tempo.

anunciaram no jornal do outro dia:
-fez-se primavera.
então era isso:
um bar
um sem-fim de risos.
e ele lá...
um brinde após o outro.
não era ninguém ali.
se não fosse comprometido
andaria só
e seria só livros.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

não posso sair com chuva.
molharia meus cabelos,
tão secos.
seguiria com água nos sapatos
e ao me deitar na cama
enxarcaria o travesseiro.
não posso amar correndo
perderia os detalhes
e até aquele beijo de fim de tarde.
e quando o sol cobrir a chuva,
posso ir
me pôr ao seu lado,
quente
pra que da chuva você me esquente
e eu possa dormir.